quinta-feira, 5 de junho de 2014

E assim se encerra a nossa maravilhosa experiência pelo mundo dos peixes palhaços...

Após tantos desafios que encontramos ao longo da execução de nosso projeto, chegamos ao fim. Com certeza saímos dessa experiência com muito mais conhecimento, maturidade e responsabilidade, elementos fundamentais para que nos tornemos no futuro profissionais aptas a lidar com riscos, já que eles muitas vezes são imprevisíveis. 
Enfrentamos muitos contratempos, mas que nos serviram como lição para que possamos aprender que a realidade não é sempre como desejamos,afinal, ela depende de inúmeros fatores.
Acreditamos que o nosso crescimento, não só profissional como também pessoal, poderá nos abrir um novo horizonte. A palavra que define este estudo acadêmico é SUPERAÇÃO.
Agradecemos aos envolvidos: professor Antonio Ostrensky, por toda ajuda, incentivo, paciência e por nos dar a chance de desafiarmos os nossos próprios limites;  Ana Silvia Pedrazzani, coordenadora do LAPOA, pela ajuda, conhecimento que nos foi dado e por possibilitar a realização deste projeto; André, mestrando no GIA(Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais), que também nos ajudou e aconselhou em diversos momentos; aos alunos da disciplina de piscicultura, por todo apoio, incentivo e amizade; e aos nossos familiares e amigos.
Obrigada também a você que acompanhou este blog. Estamos disponíveis para esclarecimento de duvidas por aqui, nos comentários, e também no e-mail estudandonemos@gmail.com.



Dados sobre o comportamento na formação de casais

Através dos dados que obtivemos ao longo do estudo, nós pudemos, com a ajuda do professor Antonio Ostrensky, construir um gráfico sobre os comportamentos anotados.
Fizemos 20 dias de observação, realizadas diariamente nos horários de 9:00h, 12:30h e 17:30h, com a duração de 1:30min por par analisado. Ao todo foram 18 aquários observados diariamente, o que totalizou 1194 observações no fim do estudo.
Os dados a seguir são referentes a este total.

Imagem 1

Como é possível ver na imagem 1, os comportamentos relacionados a alimentação(busca, comer, etc.) foram os que mais se mostraram predominantes ao longo das nossas observações instantâneas, seguidos da interação dos peixes com os substratos dos aquários(tubo de PVC, vaso de cerâmica e azulejo). Esses comportamentos foram observados em todos os aquários, ocorrendo diariamente.
 A agressividade entre os peixes também se mostrou presente, porém só ocorria entre alguns pares, não sendo portanto uma característica geral, tal como as interações sociais.
 Nenhum comportamento de coorte foi observado no nosso estudo(infelizmente!).

                                                                           Imagem 2
                                                                       
A imagem 2 mostra um comparativo estatístico dos comportamentos realizados pela fêmea e pelo macho.
Em relação a interação com o substrato e a busca na alimentação, a análise estatística nos mostra que a fêmea apresentou muito mais estes comportamentos do que o macho. No entanto, em relação a interação social, agressividade e comportamento de coorte, não houve muita diferença entre os dois sexos ao nível de 5% de significância. 

Agradecimentos: Ao professor Antonio Ostrensky, que nos ajudou a realizar as análises e os gráficos do nosso estudo.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Comportamento na formação de casais(parte 2)

Nesta postagem falaremos mais sobre os comportamento que observamos ao longo do nosso estudo.

Comportamentos agonísticos
Comportamentos agonísticos são caracterizados por mecanismos que envolvem "dominância" e "submissão", ou seja,  durante a expressão destes comportamentos podemos observar a presença de dois elementos chaves: um é o individuo dominante - o agressor - que é quem geralmente inicia as agressões por algum motivo(territorialismo, não aceitação de parceiros ou outros membros do grupo, etc.); enquanto o outro, o individuo submisso -  aquele que sofre a agressão - busca através de ações peculiares se submeter ao seu agressor, tentando assim afastar as injúrias sofridas. Tal mecanismo é muitas vezes eficiente para que lesões sejam evitadas durante lutas.
 Allen(1972) percebeu que as espécies do gênero Amphiprion apresentam comportamentos agonísticos mais intensificados em ambiente de cativeiro do que em ambiente natural. Como citamos em postagens anteriores,  os peixes palhaços possuem hierarquia bem definida, relacionada inclusive com a própria agressividade dos peixes. Neste contexto, pudemos realmente observar que em um ambiente de cultivo, onde apenas um par se encontrava presente no aquário de estudo, as questões de dominância e submissão são ainda bastante expressivas. Claro que não devemos julgar determinados comportamentos como sendo pertencentes a um todo, uma vez que eles são bastante particulares em expressão, pois  dependem de como cada peixe se relacionará um com o outro, de sua aceitação e também das próprias condições ambientais oferecidas a eles, que podem ou não influenciar na presença de "brigas".  No entanto, com base nesses dados de agressividade podemos ter uma ideia de como proceder em relação a cada par no nosso cultivo.
 Avaliar esses comportamentos é portanto fundamental para o sucesso na formação de casais.
 Primeiramente, deve se identificar quais comportamentos são agonísticos e se eles costumam se repetir entre um par, pois é na questão das repetições constantes que há problemas. Mordidas(na cabeça, lateral do corpo ou cauda), tentativas de morder, perseguições(que acabam sendo seguidas por tentativas de agressão vindas do dominante) e contato frontal(peixe "cara-a-cara") são comuns em pares  de peixes palhaços que costumam brigar, sendo estes 4 comportamentos os que mais observamos no nosso estudo. Outros 
comportamentos como a ciranda(peixes em direção um a cauda do outro, fazendo movimentos circulares) e o dominante rodeando o submisso parado também podem ser indicativos do que acontece.
A seguir estão alguns vídeos relacionados a comportamentos agonísticos que identificamos.


Vídeo 1: Alguns comportamentos como a tentativa de morder e o confronto frontal podem ser observados. As agressões partem sempre da fêmea e o macho encontra-se a todo instante próximo ao azulejo, aparentemente recuado. O vídeo foi gravado em um período de alimentação.

Vídeo 2: Ameças de morder vindas por parte da fêmea, que persegue o macho quando ele tenta recuar.

Vídeo 3: Tentativas de morder por parte da fêmea, que persegue o macho quando este recua de suas agressões. Ao final do vídeo(1:00'- 1:02´) o macho apresenta um comportamento de "tremer", diante do agressor.

No vídeo 3 pode se observar um dos mecanismo de um individuo submisso para se livrar das agressões sofridas. O comportamento de “tremer”, bastante utilizado para esses fins, é relacionado também a um tipo de vocalização, segundo relatos de Orphal Colleye e Eric Parmentier, que analisaram a vocalização durante expressão de comportamentos agonísticos.

A)Individuo dominante perseguindo o submisso e produzindo sons agressivos.
B) Individuo submisso realizando movimentos de submissão(tremor de cabeça) e emitindo sons de submissão.
Fonte: http://www.advancedaquarist.com/blog/clownfish-vocalizations-used-to-establish-heirarchy-and-breeding-status


 Segundo Moyer e Bell(1976), os comportamentos agonísticos ocorrem mais frequentemente  em pares jovens ou imaturos, sendo que a ocorrência destes comportamentos decresce quando o par irá se reproduzir. Portanto, é muito importante se prestar atenção na frequência destes comportamentos,  para que os pares sejam ou não separados, até mesmo porque a agressividade pode causar danos nos peixes que sofreram agressão, levando a machucados que podem servir como uma porta para infecções bacterianas(como aconteceu com uma fêmea no nosso estudo). 

Comportamento de Coorte
Conhecer o comportamento sexual é muito importante num cultivo, pois certos comportamentos expressados nos machos e fêmeas indicam se estes estão aptos para a reprodução naquele momento. Os comportamentos de coorte em peixes palhaços são comuns e presentes em todas espécies do gênero Amphiprion, não se alterando a medida que os animais ganham experiência.
Infelizmente, não observamos a expressão de nenhum comportamento de coorte durante o estudo, mas, através de pesquisas, colocaremos aqui os que são considerados os principais:
Segundo Allen(1972), dois comportamentos que havia observado em seu estudo são considerados de interação entre o casal: a postura lateral, sendo a mais comum quando um individuo inclina a nadadeira dorsal na direção do parceiro, fazendo alguns tremores da cabeça(ou do corpo); e a postura paralela, que consiste em movimentos natatórios onde estão paralelamente um ao outro, podendo encontrar-se inclinados(inclinação com a parte ventral ou dorsal) ou não em direção ao parceiro;
Segundo Reese(1964) e Allen(1972) um comportamento chamado  "signal jumping"(ou "dança"), ocorre períodos antes da desova. Ele consiste em movimentos realizados pelo macho em torno da fêmea, caracterizados por serem de cima para baixo ou vice-versa. Segundo estudos, esse comportamento indica aproximação da desova;
* Segundo Allen(1972) e Haschick(1998), o comportamento de perseguir(seguir intensamente mas sem agressão a seguir) o parceiro também é muito comum , ganhando mais intensidade com a aproximação da desova;
*  Haschick(1998), observou a predominância do comportamento de "toque na barriga" do parceiro, o qual é mais realizado pelas fêmeas;
* A limpeza de substrato, identificada por Allen(1972) e também observada por Haschick(1998), é considerado o comportamento mais expressivo de que a desova está chegando. Segundo Haschick, esse comportamento se torna mais intenso a medida que o casal está prestes a desovar, sendo que Gopakumar(2006) relata que o macho se torna mais agressivo durante esse período de expressão de comportamento. 

Interação com o substrato

Interação individual com tubo de PVC

Quando propomos o projeto, nossa ideia inicial era de avaliar a escolha dos casais em relação ao substrato no período de desova. No entanto, como esta não ocorreu, nos pareceu interessante avaliar a interação dos pares em relação aos substratos inseridos, uma vez que Allen(1972) observou que o par frequentemente visita o futuro local do ninho.
 A interação com o substrato foi bastante observada no período de estudo, sendo caracterizada tanto como um comportamento individual(pares escolhem substratos diferentes para se estabelecerem) quanto um comportamento do par(ficam juntos no substrato), o que varia de acordo com a relação dos pares nos aquários.

REFERÊNCIAS:
Gopakumar, G.Culture of Marine Ornamental Fishes with reference to Production Systems, Feeding and Nutrition.
HASCHICK, Rory Dean. REPRODUCTIVE BAHAVIOUR OF THE SKUNK CLOWNFISH,Amphiprion akallopisos, UNDER CAPTIVE CONDITIONS. Chapter 3: SPAWNING BEHAVIOUR OF Aakallopisos1998.
 ALLEN,  G.R. 1972. The anemonefishes - their classification and biology. T.F.H. publications. 286 pp.
Moyer, J.T. and LJ.Bell 1976. Reproductive behaviour of the anemonefish Amphiprion clarldi at Miyake-Jima, Japan. Jpn. J. Ichthyol. 23(1): 23-32.
http://www.advancedaquarist.com/blog/clownfish-vocalizations-used-to-establish-heirarchy-and-breeding-status


Comportamentos na formação de casais(parte 1)

Depois de um longo período de duvidas sobre o andamento, nós conseguimos enfim chegar aos resultados do nosso projeto. De um complexo estudo da influência de dietas e substratos na desova, migramos finalmente para um estudo mais básico sobre o comportamento na formação de casais, algo que só esteve ao nosso alcance devido a convivência diária que tivemos com os peixes palhaços, na qual pudemos observar alguns comportamentos muito expressivos durante nossas observações instantâneas.
A seguir, com base em nossas considerações, em vídeos que filmamos e também em nossas referências bibliográficas, está uma síntese do que observamos.

Comportamento na alimentação
Como um dos nossos primeiros passos dentro do projeto foi avaliar o comportamento do peixe palhaço durante a alimentação(pois na fase de adaptação às dietas avaliávamos a aceitação ou não dos alimentos oferecidos), observamos o comportamento de busca pelo alimento bastante presente ao longo do dia. Próxima à hora, durante  ou até mesmo muito tempo depois da alimentação, notávamos os peixes palhaços buscando alimento pelo aquário, o que vocês podem ver nos três vídeos que serão postados a seguir, filmados em diferentes momentos do manejo diário.

Vídeo 1- Busca na superfície do aquário, instantes antes da alimentação.

Vídeo 2: Busca na alimentação. Repare que estes animais procuram determinadas partículas, aquelas que cabem em suas bocas. Ao final do vídeo é possível ver um comportamento territorialista.

Vídeo 3: Busca do alimento ocorrendo com certa interação no substrato. Esse comportamento foi filmado horas depois do momento da alimentação.

As principais características que marcam a busca destes animais pelo alimento são:
·     1) Proximidade dos peixes na superfície(comportamento apresentado no vídeo 1): muito realizado quando eles percebem aproximação do tratador e/ou   em horário de alimentação.
·       2) Busca no fundo do aquário: Neste comportamento exploratório pode ou não ocorrer a alimentação com os resíduos de alimentos que se acumularam;
  3) Busca de alimento no e/ou pelo substrato(comportamento apresentado no vídeo 3): Interação do animal com os substratos presentes no aquário enquanto busca alimento.


Mas afinal, o comportamento de busca é comum ou não ao peixe-palhaço?
Segundo HASCHICK(1998), uma grande parte do tempo do peixe palhaço é destinada a alimentação e a busca por alimento. Tal condição também foi observada por nós, mesmo que nosso estudo tenha sido realizado dentro de um "sistema de cultivo", onde os peixes são submetidos a horários rigorosos de alimentação(no nosso projeto às 9:00h, 12:30h e 17:30h), bem como uma alimentação diferenciada do habitat natural, onde se alimentam mais precisamente de zooplânctons, copépodes, etc.  
 Assim, podemos perceber que o comportamento de busca é comum ao gênero Amphiprion, mesmo em condições de aquário.

Interação social
As interações sociais são importantes em termos de avaliarmos se o par de peixes palhaços apresenta um comportamento mais calmo e “gentil” um com o outro, o que é um bom indicativo de que possam formar um casal no futuro, embora não devamos se prender apenas a essa informação durante uma seleção de casais de peixes palhaços.
Dentro das interações sociais observamos mais os comportamentos como presença de movimentos suaves próximo ao par e/ou no próprio par(movimentos com a nadadeira, cabeça, etc.) e também se seguiam um ao outro, que é considerado um indicativo de boa interação entre o casal, quando não associados a comportamentos agonísticos(vide a próxima postagem).
 Comportamentos como esses foram observados em alguns aquários no nosso estudo, mesmo que não tenham sido filmados para apresentarmos no material final. Como já dito,  as interações são de grande ajuda para selecionarmos um casal, já que estudos indicam que um bom casal de peixes palhaços é aquele com interações mais sutis do que agressivas. 

REFERÊNCIAS:
* Gopakumar, G.Culture of Marine Ornamental Fishes with reference to Production Systems, Feeding and Nutrition.
HASCHICK, Rory Dean. REPRODUCTIVE BAHAVIOUR OF THE SKUNK CLOWNFISH, Amphiprion akallopisos, UNDER CAPTIVE CONDITIONS. Chapter 3: SPAWNING BEHAVIOUR OF A. akallopisos. 1998.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Nota

Como a apresentação do nosso estudo está bastante próxima(dia 30/05), optamos por não mostrar por enquanto todos os dados finais aqui no blog. A explicação é que já fizemos a divulgação deste material aqui e para não deixar nossa apresentação sem surpresa alguma para quem assistir, optamos pela discrição no momento.
Porém, após o término, vocês terão acesso aos materiais e vídeos sobre os comportamentos que vimos.
Bem, para não deixar o post totalmente sem graça, vamos colocar aqui um vídeo que filmamos durante uma alimentação, quando um dos peixes palhaços veio comer rapidamente na colherzinha. Vejam a seguir:


sábado, 24 de maio de 2014

Informações sobre a segunda biometria

 A segunda biometria, realizada ontem, no dia 23/05 nos mostrou um resultado não significativo, em termos estatísticos, ou seja, não houve relevância em relação aos dados obtidos na primeira biometria e na segunda. Como o tempo de alimentação dos peixes com patê foi bastante curto, não houve período suficiente para avaliarmos o efeito das três dietas sobre o escore corporal. Desta maneira, a biometria nos serviu apenas como uma informação a mais a qual não precisávamos no momento, já que não nos serviu para muita coisa(apenas para matarmos a nossa curiosidade mesmo).
 A seguir está a planilha de comparação entre peso inicial e final dos pares. A planilha sobre mensuração não será inserida, devido contratempos.

AQUÁRIO
PESO INICIAL FÊMEA (g)
PESO Final FÊMEA (g)
1
4,07
4,07
2
3,03
2,95
3
3,75
3,78
4
3,27
3,34
5
2,53
2,55
6
3,69
3,64
7
2,34
2,57
8
2,66
2,74
9
2,02
1,72
10
2,59
2,73
11
1,29
1,79
12
3,07
3,32
13
2,99
3,31
14
3,17
3,21
15
3,35
3,28
16
2,55
2,81
17
3,99
4,21
18
2,97
3,09
MÉDIA
2,96
3,062
SOMA
6,024
15% da Soma
0,778

Observe que pouca coisa mudou em relação a média do peso das fêmeas, o que não é considerado como sendo relevante, uma vez que as pequenas diferenças também podem ser fruto de erros na pesagem, relacionados a presença de gotas d´ água na balança ou a uma tara não devidamente realizada.

AQUÁRIO
PESO INICIAL MACHO (g)
PESO Final Macho (g)
1
2,05
1,95
2
2,84
2,42
3
3,21
3,07
4
2,84
2,73
5
2,56
1,94
6
2,64
2,76
7
1,00
1,25
8
2,34
2,39
9
1,43
1,65
10
2,38
2,31
11
1,05
1,72
12
2,33
2,53
13
2,86
2,49
14
2,14
2,49
15
2,11
2,11
16
1,92
1,78
17
1,88
1,81
18
2,48
2,59
MÉDIA
2,23
2,222
SOMA
4,447
15% da Soma
0,778

O mesmo padrão para as fêmeas pode ser visto nos machos, sofrendo as mesmas influências já citadas anteriormente.
Em relação as mensurações, que não serão apresentadas aqui devido alguns contratempos, não houve diferenças de tamanho entre a primeira e a segunda biometria, o que é devido ao fato destes animais já terem estabelecidos suas devidas hierarquias, as quais influenciarão para que cresçam menos de agora em diante.

Mande suas duvidas e sugestões nos comentários ou para o e-mail estudandonemos@gmail.com